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sábado, 29 de outubro de 2011

Recreio

Então, como prometido vou postar um breve comentário que intitulei: 'Amor aos livros', lembrando que esta postagem está relacionada aos debates de gerações da aula passada (Aula 25/10/11).

Para iniciar meus comentários vou fazer uma citação, citarei a mim mesmo (falta de modéstia, eu sei): "é preciso compreender que a inevitável mudança, provocada pelas exigências tecnológicas dessa época, vai abalar, como toda mudança, as tecnologias do passado". Afinal, foi o que vimos durante o seminário 'Didática e Cibercultura'  (Aula 25/10/11).


Ora, os livros por muito tempo, e ainda hoje, são sinônimos do alto conhecimento, e não irei aqui entrar por estes méritos. A questão é que - sem grandes citações a teóricos - livros podem ser compreendidos apenas como um suporte, uma ferramenta, uma mídia...ou seja, o objeto livro propriamente dito, não deveria ser tão fetichizado por nós, uma vez que seu conteúdo, a informação contida em suas páginas, é que são sua principal "essência". Inevitavelmente e invariavelmente, a sociedade se reinventa, recria -se, e é claro que ao galope dos avanços tecnológicos da modernidade, e contemporaneidade, tudo com o que nos relacionamos (ou viemos nos relacionando) sofrerá impactos, a curto ou longo prazo, inclusive os livros.


Para o conforto dos mais apaixonados, muitos teóricos não acreditam na extinção dos livros, pelo menos não para breve. O ser humanos - de maneira geral - não se relaciona muito bem com as mudanças, pelo menos não num primeiro instante, mas quando pensamos por exemplo na fita VHF e no Blue Ray, percebemos que - saudosismos a parte - rebobinar fitas era um atraso de vida, inclusive sujeito à multa em muitas locadoras (rs).


Hoje, como problemas modernos temos - dentre milhões de outros - a velocidade e o espaço: tudo é cada vez mais rápido, e temos cada vez menos espaço (exceto, curiosamente, na virtualidade). Talvez isso pareça condenar os livros a priori, mas ainda não há essa sentença. É claro que o livro virtual ganhará cada vez mais e mais espaço, com os downloads gratuitos, tablets, e computares capazes de armazenar mais livros do que uma biblioteca, mas isso será para gerações muito além da que nos sucederá. A nossa geração passará, e a relação com o objeto livro talvez se extingua em gerações adiante, quem sabe? Agora o que temos são alguns leitores, chamados 'leitores clássicos', que - contra a maré - tentam sustentar o chamado 'prazer de ler', embora saibamos que esse prazer não precise, necessariamente, se dar pelo livro, mas pelo interesse, tipo e/ou qualidade do que se lê. Um poema deixa de ser grandioso, se o for, por ser lido em um tablet? Acho que não.


O que ameça os livros, em minha humilde opinião, são produções cada vez mais defendidas, divulgadas, protegidas, e que ganharam a simpatia da academia (não de todos), chamadas de 'produção cultural popular'. Isso sim ameça, não só os livros, mas toda produção de conteúdo de valor inesgotável. O que vejo hoje é uma imensa riqueza cultural, e uma, maior ainda, pobreza de conteúdos. 


Enfim, nunca mais leremos igual ao nossos avós, nem as mesmas coisas. Particularmente prefiro assim, pois minha geração teve a oportunidade de receber os respingos de grandes obras da nossa história, e em certa medida daqueles que as reinventaram. Sinto pelos filhos dos meus filhos, que não terei, pois esses serão, se amantes da substancialidade de sentido, ilhados pela produção midiática emporcalhada e vazia da atualidade. 


Para terminar gostaria de elucidar duas coisas:


1 - isso não é uma defesa ao clássico, ao cânone, ou o que for.


2 - Livros e filmes, embora dialoguem muito intimamente, são linguagens diferentes, por isso nunca serão cópia um do outro. Isso não é possível de ocorrer por causa das peculiaridades estruturais, de linguagem, enfim, porque são objetos diferentes, realizados diferentemente. Essa colocação aparece aqui, porque foi um dos comentários surgidos durante a defesa do livro, mas jamais poderemos utilizar essa comparação como argumento, nem para defendê-los, nem para atacá-los. 


Atenciosamente,


Rodrigo Lapa        




Segue o exemplo do vazio de sentido ao qual me referi, se tiver paciência veja:


                                                            
                                   Alguém me explica tá, porque eu não entendo....nada contra, ok?
                          
                            Acesso em <http://www.youtube.com/watch?v=Ph-pLZEVWGs>

Um comentário:

  1. Colega, muito boas as suas colocações! Penso bem parecido com vc... ou seja, a última aula foi no mínimo "tensa", rsrsrs

    Muito legal sua postagem, sua escrita é super lúcida, gostosa de ler! ;)
    Bjin!

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