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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Aula 01/11/11

Essa postagem será de fato muito delicada, porque não vou descrever a aula, e relatar angústias. Nessa postagem irei contestar a irresponsável abordagem do seminário sobre ‘Diversidades’, quando tratou do subtema ‘Diversidade sexual’.

Outro grupo se apresentou após o acima citado, falaram sobre ‘Pesquisa’. Não pude assistir até o final, porque precisei sair para trabalhar, mas adoraria poder ter visto, porque, pelo pouco que vi, pareceu-me muito bem elaborado.

Voltando ao seminário sobre ‘Diversidades’, a única ressalva que faço sobre o subtema ‘Diversidade étnica’ é que o termo ‘pardo’ não vem de ‘pardal’ como sugeriu a colega, e os pardais não são “primos” dos urubus, nem tampouco carniceiros. Veja abaixo:

A origem do termo pardo, segundo o site http://www.nacaomestica.org/pardo.htm
A palavra ‘pardo’ deriva do latim 'pardus', significando (provavelmente*) leopardo. Durante muitos anos, vem-se usando o termo pardo como grupo étnico do Brasil, mas o mesmo já foi substituído por mestiço no censo de 1890, retornando à expressão ‘pardo’ no censo de 1940 e permanecendo até os dias atuais.
Quem é pardo?
O Brasil adota a auto-classificação para classificar a sua população em diferentes cores: branco, preto, pardo, amarelo e indígena. O termo pardo é mais antigo que o próprio Brasil: na carta de Pero Vaz de Caminha, durante a chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, ele relatou ao rei de Portugal que os indígenas brasileiros eram "pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos".
Baseado em “Brasil mostra a tua cara” : imagens da população brasileira nos censos demográficos de 1872 a 2000 / Jane Souto de Oliveira. – Rio de Janeiro : Escola Nacional de Ciências Estatísticas, 2003.
A Escola Nacional de Ciências Estatísticas é instituição pertencente ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE

* Grifo meu – em outras acepções para o referido termo, autores sugerem o uso de ‘pardus’ para felinos com manchas nos pelos em geral.

Claro que isso não anula o efeito pejorativo do termo, obviamente pelo discurso por traz dessa classificação, sua utilização para descrever os povos autóctones do Brasil, também tidos como inferiores durante a nossa colonização.

Quando trataram do subtema ‘Diversidade Religiosa’ foram muito jeitosos, conseguiram evitar conflitos. Estão de parabéns pela habilidade com que trataram esse tema também.

Sim, agora vamos voltar ao papo central desta postagem. Vou começar pelo resultado, o conhecimento construído pelo seminário ‘Diversidade sexual’: se fôssemos os tais alunos da escola pública que tanto tentamos ensinar e amar, estaríamos – os homoafetivos – todos tentando suicídio.

O uso de termos como “lidar com essa coisa”, ou “teremos alunos de sexo indefinido” na fala do expositor é, no mínimo, uma prova cabal de que esse tema não lhe parecia confortável, ele queria fazer a separação entre sexo e IDENTIDADE de gênero (ver Jean Wyllys tratando do tema no programa “A liga”). O problema é que para isso construiu um “gradiente da sexualidade” (eu estou batizando assim), um tipo de régua, no meio GLBTS nós, entre nós e de brincadeira, uma brincadeira de gueto, chamamos de “bichômetro”. Será que ele quis construir um “bichômetro”, meu Deus? Seria mais grave, então. Preciso dizer mais o que? O cara nitidamente não acreditava naquilo que dizia. Estava forçado, desconfortável, e por causa de seu pouco caso, e do seu “bichômetro”, acabou fazendo uma colega se sentir ofendida, magoada. Enfim, só faltou dizer “viado” e “sapatão”, aí sim, ia acabar de completar aquela “conversa de corredor”.

Não estou falando aqui de homofobia, compreendem? Estou falando aqui de descaso. Tantos aspectos para se tratar, e me sai um “bichômetro”? AFFFFFFFFF... eu estou muito tranquilo, pois já criei a couraça que me faz ficar ileso às ofensas vazias, classificações, análises toscas, igrejas ignorantes, dos homens e seus adjetivos, do ódio. Preocupo-me com gente como minha colega (a que se sentiu ofendida), porque vejo como ela parece esmagada, ainda sem concha de proteção...a ela digo que “desculpe por ter que passar por isso”, gostaria que não tivesse passado. Sua intelectualidade pode ser uma arma útil, acredite!

Para finalizar, vou trazer uma leitura simbólica que ocorreu na sala, através da figura da Alessandra, durante a discussão do tema. Ainda durante as discussões, a professora interrompeu as falas, por causa do tempo. Ainda havia outro grupo para apresentar. Mas, embora seja uma professora não tradicional, essa atitude me pareceu “o sistema mais uma vez silenciando a expressão homoafetiva e as discussões de seus aspectos”. O tempo, a necessidade de dar conta de um cronograma, tudo me parece um motivo justo para o silenciamento. Pena! Mas não a culpo, porque não há culpa mesmo! Ainda assim, foi o melhor debate ocorrido até agora durante as oficinas.

Bem, fico por aqui, mas voltarei ao tema na próxima postagem da seção ‘Recreio’, porque vou dar uma ideia do tratamento para o tema ‘Diversidade sexual’, que prefiro chamar de ‘Liberdade individual’.

Atenciosamente,
Rodrigo Lapa  


 TODA MANEIRA DE AMOR VALE A PENA!

   Acesso em: <http://prisimoesm.blogspot.com/2009/12/toda-forma-de-amor-vale-pena.html>



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