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domingo, 4 de setembro de 2011

Aula 23/08/11

Depois de uma revisão dos aspectos da disciplina, houve uma dinâmica para o grupo se conhecer. Todos – sentados em círculo – deveriam escolher uma colega, e dizer sua primeira impressão sobre o escolhido. Acharam-me tímido (rs).
Discussão sobre ‘ensino e aprendizagem’, utilizando-se de dois textos. A sala foi dividia em dois grupos: o primeiro grupo leu ‘Uma professora muito maluquinha’ de Ziraldo; o segundo grupo, que foi deslocado para o laboratório de informática, leu um livreto criado a partir de uma aula inaugural ministrada na FACED, tendo como convidada a professora - dita - leiga Juvany Viana.
As discussões ocorreram com o grupo outra vez reunido. Creio que construímos o ponto de equilíbrio dentro dessa reflexão: ‘o professor deve amar seu ofício, estimular com criatividade a curiosidade dos estudantes, guiando-os no aprendizado dos conteúdos; e vencer os obstáculos que os impeçam (educador e educando) na realização das suas funções’.  
Minhas angústias serão apresentadas aqui, porque não participo em sala, considero-me um tipo “aluno-ouvinte”, pois assim construo melhor meu pensamento.
Sobre o livro do Ziraldo que não foi o lido pelo grupo o qual eu participava, porém que teve seu conteúdo partilhado, minha angústia – simplificadamente - foi:

=>     A professora maluquinha é uma personagem realizada na ficção. Como ser ficcional, pode permear e permeia o ideal, desconsiderando alguns pormenores da dita “vida real”. Por exemplo, aplicando o modelo de educação que acreditava, e que desafiava as hierarquias da cidade, poderia perder o emprego. Acho até que perde no livro. Com as facilidades cabíveis na ficção, pode se mudar de um lugar para o outro, e existir. Meu questionamento neste aspecto se dá no aluguel, na luz, na comida...”vida real” do sistema capitalista. Penso que é preciso cuidado, para que a visão deste educador-ideal não caia no arquétipo do mártir.

No caso do texto lido pelo grupo que eu integrava:


=>  A palavra expressa, muitas vezes, um valor semântico cultural, e – evidentemente – aos sistemas hegemônicos em que esta cultura se insere. Num dado momento da leitura, percebi que todos os arguidores, em suas falas, usavam o termo ‘professora leiga’. Usavam, ou marcavam explicitamente, ainda que inconscientemente, o lugar da convidada? Não sei quem pensou no termo ‘professor leigo’ para designar os professores não formados pela academia, espaço legitimador do conhecimento, mas recomendo a leitura que segue. Segundo o Novo dicionário Aurélio (1 ed, pg 827): grifo meu.
Leigo – (do lat. laicu). Adj. 1 – Que não é clérigo, laical, laico. 2 – Que pertence ao povo cristão como tal e não à hierarquia eclesiástica. 3 – fig. Que é estranho ou alheio a um assunto, desconhecedor.  
Após a leitura das palavras em negrito, acho que se faz desnecessário outros comentários acerca da minha angústia. É notória a incongruência entre a ideia de respeito e igualdade, e a rotulação que segmenta e, porque não dizer, hierarquiza as partes envolvidas naquela aula inaugural. Após a leitura, fiquei com o eco das vozes do texto: “parabéns, professora LEIGA"

Bem, não poderei me estender mais do que já fiz, mas espero ter contribuído para nossa disciplina.

Atenciosamente, Rodrigo


3 comentários:

  1. Oi Rodrigo,

    Muito interessante a sua análise, nos dois casos. Como estou acompanhando temporariamente a aula à distância, você me troxue o contraponto do que vi até aqui. Pois também me angustio com a carga muitas vezes colocadas sobre os professores. Considero muitas vezes uma crueldade mental.
    E quanto ao termo leigo também reflito se alguém que faz algo tão bem a ponto de servir como referência de estudo deveria ser chamado de leigo ou autodidata.

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  2. Bom poder te ajudar, Silvana! Pensar juntos é sempre melhor!!!

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  3. As vezes tenho a impressão de que o professor tem que ser místico, acho que é isso que as pessoas esperam: um ser místico capaz de, como um médico, “apalpar” os miiolos de uma pessoa , diagnosticar seus anseios intelectuais, seus saberes já existentes suas lacunas(tomara que a minha coordenadora não saiba que eu penso que o aluno tem lacunas em sua cabeça) e, com muita sensibilidade e amor começe um tratamento , feito sob medida para aquele ser. Um tratamento indolor, sem contra-indicações, que não prive em nada o paciente-aluno dos seus interesses pessoais. Ah! Quase esqueci . Esse tratamento não pode ter exigências, nem recomendações nem horários, caso contrário já é violento. Afinal de contas educar é um ato de amor ( mas tem que ser amor incondicional!)

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