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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Aula 06/09/11

                         Não fui à aula neste dia, porque PRECISEI trabalhar.


  Porém li os textos sugeridos para os debates nesta terça (6/09/11). Embora eu saiba que a minha ausência nessa discussão compromete (para mim mesmo) um desenvolvimento mais pertinente e/ou rico (pelas várias leituras ocorridas, suponho) dos temas textuais, vou me aventurar e expor algumas das minhas leituras, tentando manter uma coerência ao já estudado até aqui.


Os textos foram: ‘Pedagogia da autonomia’ de Paulo Freire e ‘O papel da Didática na formação do Educador’ de Cipriano Luckesi.

Meus comentários serão gerais, pois os textos dialogam muito intimamente, especialmente no que se refere ao papel do educador (exercício de sua função) enquanto “ser humano envolvido em sua prática histórica transformadora” (LUCHESI, 1996).

           Acho que para encurtar meu texto – ouvi dizer que esta é a linguagem dos blogs – vou logo compartilhar minhas angústias. A primeira seria simples de resolver com uma pesquisa, porém na “net” eu não consegui achar: o professor Paulo Freire era cristão? Marxista já sabemos, mas senti um forte apelo cristão quando ele se refere ao “ser humano”, “gente”... há o vídeo (ver abaixo) em que ele confere esta proximidade Cristo-Marx. Tenho problemas com o cristianismo (e quem fala em nome dele) de um modo geral e bem particular, isso comprometeria as minhas perspectivas na discussão e realização daqueles exemplos “humanos” sugeridos pelo professor. Para mim nenhuma das invenções humanas foi mais sectária do que as criadas pelo/para os Humanos (que creem) falarem – com seus livros (???? rs) – em nome de Deus, Cristo, Alah, e sei lá quantos mais... sendo assim, para não falar bobagem, vou esperar esta resposta para tentar entender o que seria minha primeira angústia...ah, e é claro, tenho que ler a biografia do professor.

          Dá-se agora, em mim, uma concordância total do que foi sugerido nos textos, porém (sempre há um ‘porém’) outra angústia se deu no que concerne à ideologia necessária ao exercício da função de educador. E até é possível, de certa forma, “linkar” esta angústia à anterior. Enfim, você foca no ‘APRENDIZADO’ e ‘APRENDE’, aliando-se à ‘CURIOSIDADE’, ‘COMPROMETE-SE’, ‘CONTEXTUALIZA', mas quando o papo é ‘IDEOLOGIA’ temos que concordar que certos tópicos ainda são tabus nas relações sociais mesmo do século XXI, e fugir disto pode ser perigoso. Digo perigoso fisicamente falando, há relatos de agressões dos pais contra professores por motivos ideológicos. O fato é que enquanto for Ideologia da Entidade Educação (estas discussões, nossas aulas, nossas esperanças e questionamentos, ou como abordadas nos textos, por exemplo), tudo bem. O que me questiono é: quem será capaz ou capacitado (pela Didática, inclusive) para a isenção das próprias ideologias, pensando tão especificamente, ou somente no educar? Principalmente quando essas ideologias de natureza mais idiossincrática são rupturas, ou problematizações dos discursos hegemônicos. Ações politicamente corretas, ainda que comprometidas com a educação, se isto é possível de funcionar pelo viés de nossos estudos até aqui, somente  nos guiam (historicamente) ao que é pertinente educar. 

Por exemplo:

Poderia um professor de inglês perguntar a um(a) aluno(a) já consciente e realizado(a) em sua homo-afetividade, ou mesmo aparente (neste caso há ressalvas) – naturalmente, sem alardes – “Do you have a boyfriend?”  Ou “Do you have a girfriend?”. Justamente por que o respeita em sua CONDIÇÃO afetiva? A priori, em nossa atual mentalidade, a resposta ainda é NÃO. Como atingir aqueles ideais propostos?

           Pensemos agora neste outro exemplo: a questão Cristo X Candomblé. Nenhuma educadora sugere, porque não pode: "vamos todos - hoje - cantar para  saldar Xangô?", mas sem medo de arriscar diria: "vamos rezar o Pai-nosso antes da merenda, turma?". Poderiam os alunos de uma escola pública (ou particular) - se fossem do candomblé - arriar um ebó nas dependências do colégio? Mas podem os alunos ligados ao cristianismo - sem nenhuma repressão - louvar na hora do recreio, bem alto, sugerir conversões, ou anunciar as suas tão aguardadas catástrofes? Podem. Haveria a realização do Estado laico neste sentido? IDEOLOGIA: justiça - se um não pode, o outro também não pode; se um pode em hipótese, o outro também só pode em hipótese. Mas não é assim que vem acontecendo!

Enfim, angústias louca e resumidamente expostas; fico por aqui. A questão da  IDEOLOGIA que é consistentemente a minha angústia, ainda que pense ter compreendido sua acepção nos textos lidos, e concordado mesmo, o problema é que no meu recorte não encontro luz....mas estou aceitando alguma, nem que seja de uma vela, emprestada (rs).

Atenciosamente,
Rodrigo Lapa 




Cipriano Luckesi

3 comentários:

  1. Cara, gostei muito do seu texto. e se puder contribuir com suas angustias; bem, concordo com vc sobre a possibilidade de Freire ser um cristão, embora eu sei que ele não era um homem religioso como Leonardo Boff.
    Eu me sinto muito a vontade para falar pois sou cristão e sou formado em teologia. E entendo perfeitamente seu pé atrás com o discurso religioso, e em muitas coisas, concordo com vc. No meio religioso há pessoas que vivem a combater aqueles que "em nome de Deus" fazem coisas terríveis. Mas advogamos uma causa em prol da fraternidade e perdão, o que cremos ser o cristianismo puro e simples.
    Para lhe mostrar um outro universo cristão, posso te indicar a leitura do Leonardo Boff (eu tenho uns livros muito legais dele) e de alguns fervorosos combatentes contra um cristianismo religioso. Sim, um cristianismo não religioso, como pensava um dos meus teólogos favoritos (Dietrich Bonhoeffer - preso e morto por tentativa de assassinar Hitler).

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  2. Achei o seu texto fantástico, e tenho algumas inquietações semelhantes.
    Acredito que seria muito pertinente discutirmos estas questões em sala de aula.

    Que tal?

    peace!

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